segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Reinaldo Azevedo, leitor de Safatle (Interlúdio)


Interlúdio (este texto)
Final?


Quando se trata de Reinaldo Azevedo é sempre necessário fazer uma pausa periódica para apontar os golpes abaixo da cintura. Golpes logo depois negados com a veemência daquele zagueiro que, após quase quebrar a perna do atacante adversário, levanta olhando para o juiz com cara de indignado e apontando para a bola que passou a cinco metros de onde ele estava.


A coisa é tão disseminada que talvez eu até faça uma coluna semanal chamada "Tio Rei está Nu", com as principais falácias e mentiras da semana. Não todas, por aí eu não faria outra coisa da vida.


Reinaldo é como uma criança pequena. Quando contrariado parte para chutes na canela e xingamentos (ainda que metafóricos). No caso de Vladimir Safatle não poderia ser diferente. Após escrever um monte de asneiras sobre um pequeno artigo de Safatle (veja a parte I dessa série) e ser solenemente ignorado pelo filósofo, Reinaldo se sentiu diminuído e partiu para o ataque pessoal. Como? Da forma mais baixa possível.

Ele foi investigar a família de Vladimir Safatle e descobriu que seu pai, Fernando Safatle, é proprietário de terras em Goiás. Quando a propriedade de Fernando foi invadida, ele pediu e obteve a reintegração de posse. Portanto, diz Reinaldo em um dos pontos mais baixos de sua parca lógica, Vladimir Safatle é um hipócrita, pois não foi lá em Goiás lutar pelos sem-terra que invadiram a fazenda de seu pai.

Eis Reinaldo: seu pai não pensa como você, então você está errado! Claro, uma semana depois, após Safatle responder de forma até bastante elegante ao ataque injustificado, Reinaldo escreve um longo e lamuriento artigo, para choramingar que nunca realizou o ataque ad hominem de que Safatle o acusa (fingindo que não sabe que um ataque pessoal não precisa se compor de xingamentos e pior, fingindo não entender o que Safatle escreve).

No mesmo artigo Reinaldo nos conta seu "mito de formação" pessoal, o menino pobre que lia Cecilia Meireles e Drummond na pequena cozinha inundada pelo rio fétido que passava atrás de sua casa. Possivelmente para se contrapor ao Safatle "fiho de fazendeiro" que ele acabou de inventar para divertir seus leitores (sim, porque o pano de fundo de seu texto "quase demagógico" é outra série de insultos pessoais a Safatle - insultos que, se indagado, Reinaldo dirá que nunca fez).

Fiquemos, então, com a figura poética do menino de 14 anos, já de posse de sua Carteira de Trabalho, sentado na cozinha em banquinho alto, tentando salvar "A Rosa do Povo" e o "Romanceiro da Inconfidência" das águas da enchente, ao mesmo tempo em que faz as escolhas morais corretas. Esse país é mesmo muito injusto. Em qualquer lugar civilizado esse menino teria crescido para ser o Abraham Lincoln da terra. Aqui, além ser obrigado a lamber as botas dos poderosos, ele ainda é diariamente atacado por esquerdopatas insensíveis...


Um comentário:

  1. Agora que eu reparei, essas pequenas rusgas ideológicas do universo blogueiro tupiniquim são mesmo hilárias. O Reinaldo, pelo que vi, inventou um estilo próprio de colunagem que é ao mesmo tempo sarcástica, destemperada e divertida, nos seus exageros. É uma escolha estética a meu ver. A escolha política serve apenas como veículo. Ele poderia perfeitamente ser marxista, só inverteriam-se os termos. O cara é apenas um bom escritor num gênero naturalmente polêmico: o achincalhe político. Acho que levar a sério os seus argumentos é uma leitura ingênua. Melhor lê-lo pela diversão que proporciona, sem partidarismos.
    Um exercício?
    Experimentem inverter todos os termos de "direita" pelos de "esquerda" que a fórmula não se altera. Usem a substituição de palavras do Word pra ficar mais fácil. Um texto é antes de tudo um artefato estético antes de ser um argumento político. Gostem ou não, ele tem pleno domínio nesta área. Seria divertidíssimo se encontrasse um adversário à altura.

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