Parte 1 (este texto)
Final?
Reinaldo Azevedo, desmoralizador de filósofos
Entre os textos publicados sobre a
invasão da reitoria da USP de 2011, há um de Vladimir Safatle que
Reinaldo Azevedo resolveu "desmoralizar" (palavra dele, não minha). Para
manter o formato escolhido pelo colunista, seguem abaixo o texto de
Safatle, em vermelho, de Azevedo, em azul, e meus comentários, em preto
mesmo (mudei a cor do texto de Azevedo na introdução, de preto para
azul, para evitar confusão).
O nome do post de Reinaldo, para que não paire nenhuma dúvida sobre sua opinião, é "A coluna abjeta e mentirosa de um professor da USP, colunista da Folha e partidário de Haddad".
Apenas duas observações aqui. Reinaldo tem o cuidado de chamar a coluna
de "abjeta e mentirosa" e não o colunista. Uma técnica comum para
evitar problemas jurídicos. Segundo, a qualificação de Safatle como
"partidário de Haddad" é interessante, pois expõe o objetivo implícito
do colunista durante todo o episódio, atacar partidários (reais ou
imaginários) de Fernando Haddad na USP.
Esse rapaz tem algumas notáveis
contribuições ao pensamento. É aquele cara que, quando articulista do
Estadão, escreveu um texto justificando o terrorismo, nas pegadas de um delinqüente internacional chamado Slavoj Zizek.
Na parte dois desta série eu vou
examinar o texto no qual Reinaldo imagina que Safatle está justificando o
terrorismo, na verdade uma resenha de dois livros de Zizek publicada em
2009. Por hora, ficamos apenas com o aperitivo fornecido pelo colunista
no texto atual.
Num texto arrevesado, Safatle sustentou que “Zizek
quer mostrar como os fatos decisivos da história política mundial desde
a Revolução Francesa foram animados pelo advento de uma noção de
subjetividade que não podia mais ser definida através da
substancialização de atributos do ‘humano’ e cujos interesses não
permitiam ser compreendidos através da lógica utilitarista da
maximização do prazer e do afastamento do desprazer.” É quase
incompreensível, mas eu traduzo. Safatle está endossando a tese de Zizek
segundo a qual o repúdio que temos ao terrorismo decorre de nossa pobre
lógica utilitarista de maximização do prazer e do afastamento do
desprazer. Os terroristas pensam de modo diferente, entenderam? É
asqueroso!
A quantidade de erros de entendimento em um parágrafo tão pequeno é surpreendente. Reinaldo devia mostrar onde "Safatle está endossando"
alguma coisa, visto que o texto é uma descrição. Em segundo lugar,
ainda que Safatle concorde com Zizek, esse trecho de modo algum
"justifica o terrorismo", exceto talvez para o analfabetismo funcional
filosófico de Azevedo. É sabido que os conservadores não entenderam o
pós-estruturalismo, o estruturalismo, a fenomenologia e na verdade toda a
filosofia desde Hegel e Nietzsche, exceto através de alguns slogans
cuidadosamente pinçados. Mas Reinaldo aqui vai mais longe e estende sua
ignorância a Kant e aos utilitaristas ingleses. Porque no fim é isso que
[Safatle diz que] Zizek está dizendo. A partir da Revolução Francesa,
de Kant e do sujeito transcendental surge uma moral imperativa, não mais
inteligível pela lógica utilitarista das escolhas morais. Só isso.
Escapa a Reinaldo que essa dicotomia entre a moral "empírica" dos
utilitaristas e a moral kantiana do Imperativo Categórico possa ser
aplicada a nosso entendimento dos fatos políticos. Aliás, escapa a
Reinaldo que um filósofo possa se dedicar a explicar o que é, sem
necessariamente com concordar com o que vê...
Muito bem! Safatle escreve hoje na
Folha sobre a USP. Suas tolices, simplificações e mistificações seguem
em vermelho. Eu o desmoralizo de novo em azul.
O
que me impressiona é que o público de Azevedo realmente acha que ele
sabe do que está falando. Basta que ele chame alguém de petralha ou
analfabeto, apresente dois ou três erros de ortografia em um email
apócrifo ou distorça razoavelmente bem alguma frase e sua claque já está
lá, aplaudindo de pé.
Reinaldo e a decadência da Filosofia
As
reações ao que ocorreu na USP demonstram como, muitas vezes, é difícil
ter uma discussão honesta e sem ressentimentos a respeito do destino de
nossa maior universidade. Se quisermos pensar o que está acontecendo,
teremos que abandonar certas explicações simplesmente falsas.
Entendi. Quem discorda de Safatle é desonesto e ressentido. Quem concorda é bacana. Quem está com ele está com a verdade, quem não, com a falsidade. Então vamos ver agora quem mente. Eu me constranjo um pouco de chutar o traseiro intelectual deste senhor porque ele é muito ruim, mas fazer o quê?
Entendi. Quem discorda de Safatle é desonesto e ressentido. Quem concorda é bacana. Quem está com ele está com a verdade, quem não, com a falsidade. Então vamos ver agora quem mente. Eu me constranjo um pouco de chutar o traseiro intelectual deste senhor porque ele é muito ruim, mas fazer o quê?
Primeiro,
que o epicentro da revolta dos estudantes seja a FFLCH, isto não se
explica pelo fato de a referida faculdade estar pretensamente “em
decadência”. Os que escreveram isso são os mesmos que gostam de avaliar
universidades por rankings internacionais.
É uma falsa clivagem. Quem é “que gosta de avaliar universidades” por rankings? Como Safatle vai defender que a USP é um território autônomo e vai mimar maconheiro com o objetivo de atacar, mais uma vez, a polícia, o governo do Estado e a ordem, então ele precisa ficar criando divisões na universidade.
É uma falsa clivagem. Quem é “que gosta de avaliar universidades” por rankings? Como Safatle vai defender que a USP é um território autônomo e vai mimar maconheiro com o objetivo de atacar, mais uma vez, a polícia, o governo do Estado e a ordem, então ele precisa ficar criando divisões na universidade.
É
interessante que o alvo de Safatle aqui não é Azevedo mas
(possivelmente) Vinicius Mota, colunista da Folha que dias antes
escreveu um artigo no qual, após louvar os primórdios da Faculdade de Filosofia lá nos anos 30 ("A escola formou quadros que tomaram posições em governos. Formou Fernando Henrique Cardoso, mais tarde presidente da República.") diz coisas como "É triste testemunhar a decadência sem elegância a que se entrega a faculdade de filosofia, rebatizada de FFLCH",
que por acidente ou premeditação confunde a FFLCH inteira com a
Filosofia, ignorando até que o confronto inicial com a PM, lá onde havia
a maconha, foi protagonizado principalmente por alunos da História e da
Geografia.
Agora, é importante prestar atenção. Safatle NÃO vai defender "que a USP é um território autônomo" nem "mimar maconheiro".
Reinaldo simplesmente inventou isso para justificar seu ataque pessoal a
Safatle. Quanto às divisões, somente alguém que ignore completamente a
política universitária e científica global (não só brasileira) pode
desconhecer como os rankings de cursos e universidades são utilizados
para justificar uma série de decisões dos gestores das universidades.
Azevedo, aparentemente, sofre desse tipo de ignorância completa.
Mas,
vejam que engraçado, segundo a QS World University Ranking, os
Departamentos de Filosofia e de Sociologia da USP estão entre os cem
melhores do mundo, isso enquanto a própria universidade ocupa o 169º
lugar. Ou seja, se a USP fosse como dois dos principais departamentos da
FFLCH, ela seria muito mais bem avaliada.
Safatle, diga aí: é gostoso ser um vigarista intelectual? Deve ser, né? Essa sua clivagem só seria verossímil, ainda que continuasse falsa, se houvesse qualquer relação de causa e efeito entre a suposta repulsa da FFLCH à polícia e sua qualidade e entre o apoio à polícia das outras unidades e sua suposta falta de qualidade. Mais: forçoso seria que repulsa e apoio nesses dois grupos fossem unânimes. Sejam lá quais forem as qualidades do Departamento de Filosofia, elas não decorrem desse tipo de pilantragem argumentativa.
Safatle, diga aí: é gostoso ser um vigarista intelectual? Deve ser, né? Essa sua clivagem só seria verossímil, ainda que continuasse falsa, se houvesse qualquer relação de causa e efeito entre a suposta repulsa da FFLCH à polícia e sua qualidade e entre o apoio à polícia das outras unidades e sua suposta falta de qualidade. Mais: forçoso seria que repulsa e apoio nesses dois grupos fossem unânimes. Sejam lá quais forem as qualidades do Departamento de Filosofia, elas não decorrem desse tipo de pilantragem argumentativa.
A
pilantragem argumentativa é toda de Azevedo (ou o analfabetismo
funcional seletivo, vai saber). Safatle não disse que há uma relação de
causa e efeito entre a repulsa à polícia e a qualidade dos cursos da
FFLCH. Apenas usa o ranking da QS World para desmentir a suposta
decadência da faculdade de Filosofia da USP. Aliás, nem é preciso
recorrer a rankings estrangeiros. Os programas de pós-graduação da
Filosofia e da Sociologia da USP receberam, respectivamente, nota 6 e 7
na última avaliação da CAPES. A maioria dos departamentos da FFLCH tem
notas similares, juntamente com inúmeros outros cursos da USP. Algo
muito pouco surpreendente, já que estamos falando daquela que é
considerada a melhor universidade da América do Sul.
A brava polícia paulista
Segundo,
não foram alunos “ricos, mimados e sem limites” que provocaram os atos.
Entre as faculdades da USP, a FFLCH tem o maior percentual de alunos
vindos de escola pública e de classes desfavorecidas. Isso explica muita
coisa.
Isso não explica coisa nenhuma! Como a maioria da USP é favorável à presença da PM e como a ação da polícia contou com o apoio de mais de 70% dos paulistas, Safatle está tentando agora brincar de luta de classes dentro do campus. Mas isso é o de menos. Ele está querendo esconder o óbvio. Clique aqui mais tarde e leia reportagem do Globo evidenciando quem são alguns dos invasores. Um é filho de empresário, outro de engenheiro, três outros de professores que ocupam cargos de direção em outras universidades…
Isso não explica coisa nenhuma! Como a maioria da USP é favorável à presença da PM e como a ação da polícia contou com o apoio de mais de 70% dos paulistas, Safatle está tentando agora brincar de luta de classes dentro do campus. Mas isso é o de menos. Ele está querendo esconder o óbvio. Clique aqui mais tarde e leia reportagem do Globo evidenciando quem são alguns dos invasores. Um é filho de empresário, outro de engenheiro, três outros de professores que ocupam cargos de direção em outras universidades…
Santa
extrapolação, Batman. Como alguns dos integrantes da invasão à reitoria
(na minha opinião ilegítima, errada e injustificada, mas não é disso
que eu ou Safatle estamos tratando aqui) são supostamente de famílias de
classe média ou classe média alta, então a FFLCH não tem "o maior percentual de alunos vindos da escola pública e de classes desfavorecidas",
Reinaldo? Ou o fato deles virem da escola pública e de classes
desfavorecidas não explica nada? Não? A experiência de vida de um
estudante de escola pública da periferia é a mesma de um estudante de
escola particular do Morumbi ou de Pinheiros, é isso? As experiências
dos dois grupos em seus contatos com a polícia é idêntica e comparável?
Mesmo?
Para
alunos que vieram de Higienópolis, a PM pode até significar segurança,
mas aqueles que vieram da base da pirâmide social têm uma visão menos
edulcorada.
Eles conhecem bem a violência policial de uma instituição corroída por milícias e moralmente deteriorada por ser a única polícia na América Latina que tortura mais do que na época da ditadura militar.
Não há nada estranho no fato de eles rirem daqueles que gritam que a PM é o esteio do Estado de Direito. Não é isso o que eles percebem nos bairros periféricos de onde vieram.
Eles conhecem bem a violência policial de uma instituição corroída por milícias e moralmente deteriorada por ser a única polícia na América Latina que tortura mais do que na época da ditadura militar.
Não há nada estranho no fato de eles rirem daqueles que gritam que a PM é o esteio do Estado de Direito. Não é isso o que eles percebem nos bairros periféricos de onde vieram.
“Polícia corroída por milícias”? Ele está se referindo à PM do Rio? O TEXTO DE SAFATLE me dá nojo. Literalmente! Felipe
de Ramos Paiva, o estudante assassinado na USP, era aluno da FEA (que
Safatle deve considerar faculdade dos ricos) e morava em Pirituba, na
periferia. Era filho de gente pobre. Mais:
tivesse um mínimo de amor pela ciência, forçoso seria o professor ter
em mãos uma pesquisa que cruzasse renda e origem social com opinião
sobre a PM na USP. Mas ele não tem. Recorre a um truque de uma
picaretagem intelectual e conceitual que assusta: alunos da FFLCH
seriam pobres, da periferia e da escola pública — e, por isso, contra a
presença da PM. Já os das demais unidades seriam ricos, das áreas nobres
e da escola particular — e, portanto, favoráveis à polícia. ELE NÃO
TEM ESSES DADOS. Conclui-se desse raciocínio que os pobres são contra a
presença da polícia em seus bairros.
Não
é lindo quando o serrismo de Reinaldo aparece assim, a olho nu?
Aprendemos que só existem milícias então na polícia do Rio, controlada
por aqueles malditos lulistas, Cabral e Beltrame. Não em São Paulo, não
na brava terra tucana. É aqui a gente prefere esquadrões da morte.
Vale
prestar atenção ao recurso retórico de baixíssimo nível da alusão ao
homicídio de Felipe. Felipe que não está aqui para ser ouvido, então
pode ter sua memória expropriada por Reinaldo sem maiores
consequências.
Mas
o que chama a atenção também é o que está ausente do argumento de
Azevedo, o que transborda e fica de fora. Preocupado com as milícias,
Reinaldo deixa em branco a segunda parte da frase de Safatle, "moralmente deteriorada por ser a única polícia na América Latina que tortura mais do que na época da ditadura militar". Como
se fosse um dado secundário, mas na verdade por ser uma dado
irrespondível (aliás, a brava ex-vereadora e ex-subprefeita Soninha
outro dia escreveu um texto sobre a USP, dizendo que pensou bem e
prefere mesmo uma polícia militarizada. O bom da Soninha é que a última
coisa que se pode esperar dela é coerência).
Reinaldo pede dados. Dados que ele sabe que existem, mas finge não
saber para não estragar seu argumento, né? Então tá, lá vão os dados.Em
dezembro de 2010 o IPEA lançou o SIPS, Sistema de Indicadores de Percepção Social sobre Segurança Pública
(link para o pdf original). Os dados indicam que não só a confiança da população
na Polícia Militar é muito baixa (70% da população confia pouco ou não
confia na PM) como o grau de confiança é diretamente proporcional à
idade. Quanto mais jovem o pesquisado, menos confiança na polícia. Ou
seja, o quadro é ainda pior que o pintado por Safatle. Incidentalmente,
as tabelas 12 e 13 da mesma pesquisa mostram também que conforme aumenta
a renda e a idade, mais pessoas tendem a achar que a polícia respeita
os direitos civis dos cidadãos.
Não é a maconha, estúpido!
Terceiro,
a revolta dos estudantes nada tem a ver com o desejo de fumar maconha
livremente no campus. A descriminalização da maconha nunca foi uma pauta
do movimento estudantil.
Que “movimento estudantil”? Foi o “movimento estudantil” que invadiu dois prédios e impediu a PM de cumprir o papel que lhe garante a Constituição? Cadê o PCO, a LER-QI e o Negação da Negação no texto de Safatle?
Que “movimento estudantil”? Foi o “movimento estudantil” que invadiu dois prédios e impediu a PM de cumprir o papel que lhe garante a Constituição? Cadê o PCO, a LER-QI e o Negação da Negação no texto de Safatle?
Reinaldo esquece o que Safatle
escreveu para negar que exista um "movimento estudantil". É que aqui a
sua afirmação de apenas dois parágrafos atrás, de que Safatle ia "mimar maconheiro" já começa a fazer água, então ele muda de assunto.
Tem
também esse problema de excluir partes do todo, né? Ou os grupos do ME
ligados ao PCO, ao LER-QI e à Negação da Negação por algum motivo não
são eles também parte do movimento estudantil?
Infelizmente,
o incidente envolvendo três estudantes com um cigarro de maconha foi a
faísca que expôs um profundo sentimento de não serem ouvidos pela
reitoria em questões fundamentais.
É mentira! A USP tem 89 mil estudantes. A invasão da reitoria foi decidida por 300, e efetivada por menos de 100. Isso revela a seriedade do argumento.
É mentira! A USP tem 89 mil estudantes. A invasão da reitoria foi decidida por 300, e efetivada por menos de 100. Isso revela a seriedade do argumento.
Reinaldo adora responder o que não foi perguntado, né? Safatle não está discutindo a invasão da reitoria, mas sim um sentimento generalizado na USP que tem produzido não só as reações infantis de grupos mais extremados mas também muita discussão e assembleias
com volume de participação inédito em anos. A própria assembleia onde se
deu o golpe da invasão da reitoria começou com mais de mil
participantes. Depois dela aconteceram reuniões com 3000 estudantes.
Quando tiver uma assembleia com 40 mil será que o Reinaldo para com o
fetiche do 89 mil? Ou representação só é bom quando ele gosta do resultado?
Era
o que estava realmente em jogo. Até porque, sejamos claros, mesmo se a
maconha fosse descriminalizada, ela não deveria ser tolerada em
ambientes universitários, assim como não se tolera a venda de bebidas
alcoólicas em vários campi.
Ah, a quem este rapaz pensa que engana? Aqui ele decide demonstrar seu repúdio à maconha para sugerir que pretende discutir coisas mais importantes.
Ah, a quem este rapaz pensa que engana? Aqui ele decide demonstrar seu repúdio à maconha para sugerir que pretende discutir coisas mais importantes.
"Demonstrar seu repúdio 'a
maconha", Reinaldo? Isso sim é desonestidade intelectual. Está escrito
ali. Vai ler. Safatle disse que mesmo que legal, a maconha não deveria
ser usada nos campi. Como não se tolera a venda de álcool ou mesmo
cigarros. Na retórica analfabeta de Reinaldo, Safatle quer "demonstrar"
aqui que repudia a maconha. Não é isso que está escrito. Safatle quer
afirmar (e não demonstrar) que o incidente da maconha foi apenas a gota
que fez transbordar o copo do reitor...
Gramatofilia, doença infantil do colunismo
Quando
ocorreu a morte de um aluno da FEA, vários grupos de estudantes
insistiram que a vinda da PM seria uma máscara para encobrir problemas
sérios na segurança do campus, como a iluminação deficiente, a parca
quantidade de ônibus noturnos, a concentração das moradias estudantis em
só uma área e a falta de investimentos na guarda universitária. Isso
talvez explique porque 57% dos alunos dizem que a presença da PM não
modificou em nada a sensação de segurança.
Espero que o “porque” de Safatle, no lugar de “por que”, seja só um erro da revisão. Mas isso é o de menos. O problema desse rapaz é o erro de pensamento. As condições gerais da USP podem melhorar com ou sem polícia; uma coisa não depende da outra. “Sensação de segurança” não salva ninguém, mas a segurança efetiva sim! Depois da presença da PM no campus, os furtos de veículos caíram 90%. Já roubos em geral tiveram redução 66,7%. Roubos de veículos caíram 92,3%. Esses são os fatos.
Espero que o “porque” de Safatle, no lugar de “por que”, seja só um erro da revisão. Mas isso é o de menos. O problema desse rapaz é o erro de pensamento. As condições gerais da USP podem melhorar com ou sem polícia; uma coisa não depende da outra. “Sensação de segurança” não salva ninguém, mas a segurança efetiva sim! Depois da presença da PM no campus, os furtos de veículos caíram 90%. Já roubos em geral tiveram redução 66,7%. Roubos de veículos caíram 92,3%. Esses são os fatos.
Safatle integra o grupo da USP que pretende, a partir de um incidente protagonizado por uma minoria de extremistas, criar um casus belli.
O objetivo, já denunciei, é fazer no ano que vem “a maior greve em 10
anos”. O confronto entre maconheiros e PM, Safatle tem razão em certa
medida, é só a falsa questão. A razão de fundo é eleitoral. Safatle
também integra a turma dos “inteliquituais” engajados na candidatura de Fernando Gugu-Dadá Haddad à Prefeitura.
Gugu-Dadá
Haddad é aquele que, num rasgo de sinceridade, afirmou, censurando a
ação da PM contra os invasores, que “não se pode tratar a USP como se
fosse a Cracolândia e a Cracolândia como se fosse a USP”. Ou seja: ele
estava dizendo que polícia é coisa pra pobre. Safatle deve concordar,
não é?, ao contrário do que diz em sua coluna abjeta.
Reinaldo Azevedo tem uma doença
funcional que acomete muitos professores e ex-professores de Português, o
fetiche ortográfico-gramatical. Ele imagina que o erro ortográfico ou gramatical se traduz sem intermediários em erro do pensamento.
Esse sentimento se insere perfeitamente como pano de fundo para o ódio
de Reinaldo e seus pares a Lula, o sujeito que fala errado, escreve
errado e não lê. Logo, diz o gramatofílico, pensa errado. Esse erro
básico de entendimento ajuda a explicar porque essa gente se deixou
hipnotizar por Lula e perdeu até aqui três eleições nacionais atirando
no alvo errado. Mas isso é assunto para outro dia.
De qualquer forma, fica claro que a
razão real para todo esse fascinante exercício de distorção é, na visão
de Reinaldo, a eleição para a prefeitura de São Paulo. Reinaldo na
verdade só consegue ver o mundo a partir da perspectiva de José Serra,
seu mentor último. Assim, misturam-se a defesa de Rodas e da PM ao
ataque a Safatle, visto que esse último é um adversário intelectual que
não pode ser ignorado (ou Reinaldo não estaria perdendo tanto tempo com
ele, não é?).
No
próximo capítulo continuaremos essa descida ao inferno da
desinteligência reinaldiana para examinar como nosso herói é capaz de
criticar com paixão textos de filósofos que ele aparentemente sequer
leu, quanto mais entendeu.
"Não é lindo quando o serrismo de Reinaldo aparece assim, a olho nu?"
ResponderExcluirHahaha
Petralha detected!
Uau!
ResponderExcluirCê mal começou o blog e já te apareceu um trollha?
Não duvido que seja o próprio Reinaldo, vide o "argumento" beavis&buttheadiano... he he he coool...
Enfim, parabéns pela iniciativa!
Engraçado, pessoas que fazem comentários como o primeiro da lista se escondem sempre sob o manto do anonimato. O texto é muito bom! Parabéns!
ResponderExcluirFinalmente! Achei que o mundo estava perdido após ler a quantidade de pessoas que seguem esse Reinaldo Azevedo, que não sabe nada de filosofia, tampouco de política. (talvez seja por isso que as pessoas o leem...)
ResponderExcluir